Dizem as superstições que, quando alguma coisa tende a ir mal, seguir mal, continuar pior, talvez seja por um simples motivo: uma cabeça de burro pode estar enterrada em algum lugar bem escondido, só visível para os que acreditam no tal esconderijo e que perseguem a sua existência secreta no intuito de comprovar suas crenças.
Há quem diga que aqui na cidade tem uma cabeça de burro enterrada, que nos condenou para sempre a ser um pedaço de nada.
Onde estaria a ossada da caveira deste animal em São Roque? Poderia estar enterrada no gramado da Capela do Santo Antônio desde a época dos Bandeirantes, quando estes escravizaram muita gente? Poderia estar no Quilombo do Carmo ou Colégio do Ribeirão, lá no Ibaté? Ou embaixo de uma pedra no alto do Saboó?
Quem sabe faremos uma campanha popular, dessas que nos unem pela mesma causa para procurar por todos os cantos e frestas este enfeitiçado crânio.
Embaixo das camas da Santa Casa, dentro do Chafariz da Praça da República, atrás do altar da Igreja de São Benedito. Quem sabe abaixo da chaminé da Brasital, seria um local que ninguém procuraria, não é?
Mas o problema todo não é a tal cabeça de burro enterrada mas, sim, todas aquelas que não estão e andam por aí orgulhosas de si, cheias de pessimismo e achando que isso lhes faz melhores do que a tal enterrada, desejando e agindo para que sejamos um pedaço de nada...
Sabe onde está a famigerada cabeça de burro enterrada? Num lugar imprevisível - dentro de mim e de você, cada vez que o otimismo e a positividade são substituídos pelo pessimismo e pela negatividade.
Então, não adianta procurar a tal cabeça por aí...
Alexandre Pierroni é Veterinário há 20 anos em São Roque, Vereador e Secretário da Comissão Permanente de Saúde e Educação da Câmara Municipal
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